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Aprenda dizer NÃO! Dicas para você mudar e se priorizar

Sente necessidade constante de agradar outras pessoas, mesmo que você não se sinta feliz com essa decisão? Você pode sofrer de síndrome de boazinha.

É normal querer agradar a alguém da família, do trabalho ou o seu parceiro amoroso. Na verdade, é esperado que para viver em sociedade a gente aprenda a fazer concessões ao longo da vida. Mas algumas pessoas têm uma dificuldade real de dizer não, de se colocarem como prioridade e assumem como obrigação agradar as pessoas ao redor.

O termo “síndrome de boazinha” começou a ser utilizado após a psicóloga Harriet B. Braiker publicar um livro com esse mesmo título, em que ela identificava as características dessas pessoas, que se sentem constantemente compelidas a agradar outras pessoas para evitar conflitos ou rejeição.

Uma síndrome que tem início na infância

“Como ela é boazinha!”. “Tão educada, compartilha tudo e tão obediente, uma mocinha!”. Essas frases são muito comuns entre várias gerações de mulheres, que foram educadas para serem vistas como boas moças, que não magoam outras pessoas: em resumo, garotas que agradam a todos. Ao longo dos anos, essas características podem virar parâmetros de valorização e como explicamos no texto anterior, a autoestima é formada por fatores internos e externos, assim, esses parâmetros podem influenciar diretamente no valor que a pessoa dá a si mesmo.

São séculos, ou mesmo milênios, de uma sociedade que espera mulheres que não entrem em conflitos, enquanto os homens são ensinados a se expressarem sem medo, a serem corajosos, conquistadores. Essa é apenas uma das razões para a síndrome de boazinha, mas que explica por que essa síndrome é normalmente mais observada em mulheres.

As crenças limitantes que surgem na nossa infância, quando não são tratadas, se desenvolvem e podem moldar nossa personalidade. Por exemplo, uma criança que acredita que para ser amada pelos seus pais ela precisa constantemente agradá-los, pode crescer e virar um adulto com síndrome de boazinha. Esse medo pode estar presente em outras relações sociais.

A falta de atenção, amor, afeto ou cuidado na infância pode nos tornar adultos que sentem a necessidade de preencher essa “ausência” de outra forma, ou seja, agradando outras pessoas para evitar sentir rejeição e abandono.

Sinais da síndrome de boazinha

Acha que pode sofrer da síndrome de boazinha? Vou listar algumas características para ajudar você a entender se é hora de buscar ajuda profissional.

  • Dificuldade em dizer não, mesmo em momentos que acredita ser necessário;
  • Dificuldade em expressar suas vontades;
  • Medo de ser rejeitado por desagradar outras pessoas;
  • Autoestima baixa;
  • Dificuldade em fazer críticas;
  • Sentir estresse, ansiedade, cansaço físico e mental, pelo acúmulo de atividades;
  • Dificuldade em impor limites;

Pessoas que sofrem com a síndrome de boazinha podem também desenvolver outros transtornos mentais, como depressão, síndrome de burnout, dores crônicas, taquicardia, sudorese, falta de ar, trazendo assim prejuízos mentais e físicos, além de deixar suas necessidades de lado, para corresponder à expectativa de outros.

A síndrome de boazinha também pode “facilitar” relações abusivas, dependência emocional ou outros tipos de problemas em relacionamentos. Ao ceder sempre, a pessoa com síndrome de boazinha pode se sentir frustrada, enganada, achando que faz tudo pelo relacionamento, mas que ainda assim não é o suficiente.

Abandonando a síndrome de boazinha

Quem sempre diz sim não necessariamente é visto como uma pessoa boa, mas pode passar a impressão de alguém carente, inseguro. No trabalho, por exemplo, pode demonstrar falta de firmeza e postura profissional. No relacionamento amoroso, pode parecer ser uma pessoa sem graça ou até sem personalidade. Por isso é importante que quem sofre com a síndrome de boazinha aprenda a dizer “não” quando achar necessário e não sentir culpa por isso.

Se coloque no foco. Por exemplo, se alguém convidar você para um evento que você não quer participar, responda: “obrigada, mas não me sinto confortável em ir a este evento”.

Aproveitando o exemplo: “obrigada, mas não me sinto confortável em ir a este evento”, uma boa forma de negar é seguir a fórmula elogie, negue e agradeça. Então podemos refazer : “poxa, essa festa parece super legal, mas não me sinto confortável em ir. Obrigada pelo convite!”.

Você também pode tentar ganhar tempo e responder “não sei se vou estar disponível no dia”. Assim, pode analisar as razões para não ir ou até para ir e responder um não com mais segurança. Caso a pessoa insista, seja firme e continue respondendo “eu realmente preciso checar a minha disponibilidade, não tenho como confirmar agora”. E se a pessoa parecer ficar chateada, lembre-se que não é culpa sua que ela não sabe aceitar não. Tá tudo bem você se priorizar! E você não precisa arrumar várias justificativas para isso, o ideal é que quanto mais a pessoa insistir, mais firme você precisa ser, podendo até dizer “eu entendi, mas não posso”.

Se você precisar ganhar mais segurança para responder não, tente ensaiar! Você pode listar as situações que normalmente responde sim, mesmo não querendo e começar a ensaiar respostas para o não, utilizando a técnica de elogiarou de ganhar tempo. Faça também uma lista de possíveis consequências para essas situações, pensando sempre nas situações que você viveu e não nas suas ideias. “Eu disse sim para isso e foi o melhor?”. “Se eu disse não, possivelmente vai ficar tudo bem, é só um dia / um evento / uma situação”.

Outra dica é delegar ou indicar e para isso você também pode ensaiar certas situações. Se alguém, no trabalho por exemplo, pedir para você realizar algo e não for possível no momento, você pode dizer “estou com muitas demandas agora e não vou poder executar todas ao mesmo tempo, mas, acredito que outra pessoa possa ajudar”. Caso você queira participar do que foi solicitado, pode fazer uma contraproposta “eu não posso fazer tudo, mas, consigo ajudar você com essa parte” ou ainda, se a solicitação vier do seu chefe: “no momento tenho esses outros trabalhos na minha mesa, devo colocar prioridade nessa nova demanda ou ela pode ser realizada outro dia?”.

Procure ajuda profissional. Um psicoterapeuta vai auxiliar você no processo de autodescoberta e ajudar a ter consciência sobre o problema, além de desenvolver ferramentas para lidar com essa síndrome. Com a terapia, você também pode redescobrir sua autoestima, reconquistar a confiança e sua capacidade de se colocar em primeiro lugar.

Se identificou com o texto ou conhece alguém que precisa de apoio? Sou psicóloga e posso te ajudar!  Entre em contato pelo número (27) 99236-5313 ou pelo WhatsApp. As consultas são agendadas e podem ser realizadas de forma presencial ou online.

E se ficou com alguma dúvida sobre o assunto, utilize os espaços dos comentários para enviá-las! Será um prazer ouvir sua opinião sobre o assunto.

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