Depois de nove meses de espera, a chegada de um novo membro na família é muitas vezes um momento de intensa comemoração. E de muitas mudanças. Junto com a adaptação deste novo ser à vida aqui fora, os pais precisam se adequar às necessidades do bebê.
Privação de sono, compreender e identificar as necessidades do bebê, entender os choros e seus motivos, aprender a amamentar e ensinar o recém-nascido a mamar… Esses são alguns dos desafios visíveis que vão para casa junto com a família. Um desses desafios acontece silenciosamente com a mãe em resguardo: depois de tantos meses com hormônios em alta produção em seu corpo, o nascimento do bebê causa uma nova revolução hormonal.
A biologia explica: durante a gestação, a produção de estrógeno e progesterona, que são hormônios importantíssimos no preparo do corpo para gerar e manter esse bebê, é muito alta durante os 9 meses, mas sofre uma queda abrupta no pós-parto, sendo esses hormônios substituídos pela prolactina, que é o hormônio da amamentação.
No meio de tantas mudanças, com essa brusca alternância hormonal, somada aos desafios mais óbvios e à pressão social com os primeiros cuidados, é muito comum que a mulher se sinta frágil, assustada, um tanto ansiosa e com dificuldade de se reconhecer como a pessoa de antes. Em outras palavras, ela pode manifestar o que popularmente é conhecido como baby blues puerperal – uma tristeza passageira pós parto.
Uma das importantes diferenças entre o baby blues e a depressão pós-parto é o seu tempo de duração. O primeiro atinge entre 50% a 80% das mulheres e tem início mais ou menos 3 dias após o parto e dura de 2 a 3 semanas, mas pode chegar até 45 dias. O baby blues é fisiológico, normal, esperado e não precisa de tratamento, apenas paciência e tempo. Já a depressão pós-parto, que atinge cerca de 1 em cada 4 mulheres no Brasil, dura muito mais do que os “poucos” dias de baby blues. A depressão é um transtorno de humor, que precisa de tratamento e não tem uma única causa.
A depressão pode trazer emoções muito intensas ou incapacitar a mãe no pós-parto, fazendo com que ela diminua os cuidados com o recém-nascido ou com ela mesmo. Isso não significa que ela não ame seu filho, mas, que ela precisa de ajuda de um psicoterapeuta.
Como reconhecer a depressão pós-parto
O diagnóstico da depressão pós-parto não é tão simples. No início pode ser confundido com baby blues ou cansaço, estresse. Por ser um momento delicado e inteiramente novo (mesmo no caso de um segundo filho) é preciso levar em conta a privação de sono, a readequação da rotina e as relações com a família. Mas se o quadro não melhorar ou se agravar nos primeiros 15 dias, esse é um sinal de alerta.
Entre os sintomas, também estão:
- Mudanças de humor;
- Ansiedade;
- Choro excessivo;
- Perda de interesse em coisas que antes gostava, como assistir tv ou ler;
- Insônia ou sonolência;
- Perda de apetite;
- Tristeza, não relacionada ao filho ou seu nascimento;
- Falta de interesse sexual;
- Desenvolver TOCs, Síndrome do Pânico ou outros medos que não tinha antes
É preciso estar atento aos sintomas, pois a depressão pós-parto pode surgir até 2 anos depois do nascimento.
Além desses sinais, há fatores de risco que contribuem para o desenvolvimento da doença, como histórico de depressão durante a gestação ou em antes, mesmo que já tratada, ansiedade durante a gravidez, perdas gestacionais, gravidez indesejada, membros da família com depressão ou diagnóstico de outros transtornos. Quem já sofreu depressão pós-parto em uma gestação anterior, tem cerca de 50% de chances de sofrer de novo.
Depressão pós-parto é só na mãe?
Não. Mesmo que menos frequente, o companheiro também pode sofrer e adoecer. A depressão pós-parto atinge cerca de 10% dos pais, sendo mais comuns nos de primeira viagem ou nos que não estavam preparados para a chegada do bebê. Pode parecer um número pequeno, mas, quando pensamos em milhões de pais, vemos que é um número significativo.
E se analisarmos a influência que esse pai tem na família, ao dividir os cuidados do bebê com uma mãe que já está fragilizada com a revolução hormonal, percebemos o quanto é importante o diagnóstico e tratamento da depressão pós-parto. Esse transtorno tem impacto direto na nova relação familiar que está sendo estabelecida.
Os homens também sentem inseguranças e ansiedade durante a gestação da companheira. A diminuição de “atenção” e “cuidados” que pode passar a receber antes e após o nascimento (levando a um sentimento de exclusão), o fato de já ter sido diagnosticado anteriormente com depressão ou outros transtornos psicológicos além da cultura patriarcal de não falar sobre os seus sentimentos são fatores que contribuem para o surgimento e agravamento dessa doença.
Enquanto o diagnóstico da mãe pode ser dificultado por falta de apoio familiar ou até profissional em reconhecer os sintomas, no caso dos homens, a dificuldade pode estar no mito de que a depressão pós-parto só atinge às mães. A mesma crença de que homens não devem falar sobre o que sentem também os impede de reconhecer os sintomas dessa doença neles, dificultando na busca do diagnóstico e tratamento.
Por isso que é importante o acompanhamento psicológico antes, durante e após a gestação. Os pais precisam buscar conhecimento e se preparar para os novos desafios que estão por vir e o apoio de um psicoterapeuta pode facilitar a transição de uma vida a dois para esta nova configuração.
Acredito que estou com depressão pós-parto. E agora?
Você precisa procurar a ajuda de um psicólogo. Como falamos a pouco, um acompanhamento com um profissional de confiança antes e durante a gestação pode evitar que você adoeça ou caso já esteja doente, que seu caso se agrave. Mas se você e seu parceiro não estavam tendo esse acompanhamento, o ideal é procurar um psicólogo. A terapia é fundamental.
Em alguns casos, será necessário fazer uso de medicação, mas isso só um profissional poderá avaliar e prescrever. Não tratar a depressão pós-parto pode trazer prejuízos para o vínculo que está sendo estabelecido entre a mãe, o bebê e o pai. Existem também grupos de apoio que podem ajudar nesse momento de redescoberta familiar. O importante é tratar a depressão pós-parto como ela é: uma doença que precisa tratamento.
Eu posso ajudar. Podemos fazer uma teleconsulta (video chamada), ou podemos agendar um atendimento presencial.
Cuide bem de você! =D
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