“Fulano é um pouco bipolar né?” Com certeza você já falou ou ouviu essa frase por aí. Ela é referida a pessoas que mudam de humor muito rapidamente, em um momento está feliz e enérgica e instantes depois está triste e cabisbaixa. Você conhece alguém que passa por essas oscilações? Saiba que vai muito além de uma simples alteração, é um distúrbio chamado Transtorno Bipolar.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o transtorno bipolar pode atingir cerca de 4% da população mundial, olhando assim parece pouco, mas são mais de 140 milhões de pessoas ao redor do mundo.
Normalmente o distúrbio se desenvolve entre a fase da adolescência e vida adulta, entre 15 e 25 anos, mas pode ocorrer casos em adultos de 45 a 55 anos. Esses dados nos mostram que qualquer pessoa está suscetível a desenvolver a doença.
Dia Mundial do transtorno bipolar
Você sabia que em março é celebrado o Dia Mundial do Transtorno Bipolar? Esse mês foi escolhido pois é a data de nascimento do famoso pintor Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado, depois de sua morte, como um provável portador do transtorno.
A celebração é uma iniciativa da ONG International Society for Bipolar Disorders, e tem como objetivo trazer um momento de união solidária a fim de aumentar a conscientização e a aceitação da doença, assim como também aprimorar os atendimentos clínicos e o financiamento de pesquisas sobre o tema, com o intuito de eliminar o estigma social que gira em torno do mesmo.
Fases dentro do transtorno bipolar
Para entender melhor o que é e como esse distúrbio afeta a vida e rotina de uma pessoa vou apresentar a vocês algumas fases que englobam a doença. Existe a fase da depressão, a fase da euforia e a fase da hipomania, que é a fase mais branda entre as três. E essas fases, também chamadas de crises podem variar em intensidade, frequência e duração.
De acordo com o psiquiatra Dr. Neury Botega, na fase depressiva aparecem os seguintes sintomas: tristeza, desinteresse por atividades antes prazerosas para a pessoa, alterações no sono e apetite, cansaço, dificuldades de concentração, irritabilidade, agitação psicomotora, entre outros.
O médico também alerta que existem diferenças entre a depressão no transtorno bipolar e a depressão comum. Por isso é importante a consulta a um especialista para saber qual é o diagnóstico correto e o que é preciso para o tratamento adequado.
Nos momentos de euforia a pessoa sente uma excitação exacerbada, fala muito, tem várias ideias ao mesmo tempo, fica muito ativa e com muita energia e tende a ter comportamentos compulsivos. E isso muitas vezes pode levá-la a tomar atitudes das quais pode se arrepender depois que a crise passar. Fazer comprar desnecessárias, confessar desejos e pensamentos que guardaria para si mesmo, se envolver em relacionamentos amorosos sem pensar nas consequências, são só alguns dos muitos exemplos de ações tomadas durante uma crise de euforia.
Pode ocorrer casos em que o indivíduo sinta as duas coisas num período muito curto de tempo. Uma dose de alegria agora e dali a alguns minutos, uma irritabilidade ou tristeza muito profunda.
Já a fase da hipomania ocorre quando o sentimento de euforia acontece, mas num modo mais sutil. Nesses casos, quem está ao redor não consegue perceber que a pessoa está mais acelerada, sabe-se que aquele não é o estado normal dela, mas acredita-se que esteja bem, num momento de alegria e tranquilidade. São períodos que por mais que não sejam percebidos, dentro de um histórico de fases de alteração de humor, se torna nítido que algo está errado.
Tipos de transtorno bipolar
De acordo com o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças), além das fases, o transtorno também é classificado em quatro tipos:
Transtorno Bipolar tipo I: A pessoa apresenta períodos de euforia que duram 7 dias ou mais e também pode desenvolver crises de depressão que chegam a durar de duas semanas até vários meses. Nos dois casos os sintomas vêm de forma muito intensa, o que provoca mudanças comportamentais profundas que podem atingir as relações afetivas e sociais, o desempenho no trabalho e a segurança do próprio indivíduo e das pessoas que estão a sua volta.
Transtorno Bipolar tipo II: É definido por episódios de depressão e episódios de hipomania, os sintomas se apresentam de forma mais leve e não afetam de fato o dia a dia do indivíduo.
Transtorno Ciclotímico: É caracterizado como o quadro mais leve do transtorno bipolar. O indivíduo passa por oscilações de hipomania e também depressão, que podem vir a ocorrer no mesmo dia. Nesse caso, os sintomas são persistentes e chegam a durar pelo menos dois anos.
Transtorno Bipolar não especificado ou misto: Os sintomas levam a crer em um diagnóstico de transtorno bipolar, porem não são suficientes para classificar a doença nas categorias citadas acima.
O que causa transtorno bipolar?
Não existe uma causa concreta para o transtorno bipolar, mas uma série de fatores podem levar ao surgimento da doença. O maior deles é o fator genético, ou seja, quem tem casos de bipolaridade na família corre mais riscos de desenvolver o distúrbio.
Alguns outros fatores também podem manifestar a doença em pessoas geneticamente predispostas. Dentre eles estão: o uso de medicamentos para emagrecer, uso de drogas excitantes, a desregulação do relógio biológico, episódios frequentes de depressão, puerpério e o estresse prolongado.
Seja você uma rede de apoio
O apoio familiar e dos amigos é um dos caminhos para o sucesso do tratamento, se você conhece pessoas que estão passando por essas oscilações de humor, mostre a ela quais consequências essas alterações tem trazido para o âmbito em que ela vive, se predisponha a conversar, caso ela sinta necessidade. Nada como uma boa e franca conversa para ajudar quem está pedindo por socorro.
As fases depressivas são bastante delicadas, neste momento mostre para a pessoa que você está ali para apoiá-la no que ela precisar, seja para buscar um medicamento ou para acompanhá-la numa consulta. Faça-a se sentir segura e tranquila nesse momento. Não adianta falar que ela precisa “reagir”, a depressão não vai embora de uma hora para outra e por vontade própria.
As fases de euforia também têm suas dificuldades, por estar em uma animação intensa quem está passando por esse momento não costuma escutar conselhos das outras pessoas, ela faz o que dá vontade no momento. Então uma das melhores formas de ajudar é criando uma rede de proteção, para que ela não faça nada precipitado e que vá se arrepender depois.
Seja uma espécie de freio, mostre a ela as consequências de atos já cometidos no passado e o quanto isso pode ser perigoso.
Quanto antes tratar, melhor
Ainda não existe cura para o distúrbio e o tratamento leva tempo para começar a surtir efeito, mas é o melhor caminho para você começar a se sentir melhor.
Com o uso de medicamentos, psicoterapia, mudanças no seu estilo de vida, nos hábitos alimentares e de sono e na redução de estresse, o transtorno pode ser controlado.
Mas lembre-se existem tipos diferentes da doença, somente um especialista vai saber te orientar em qual tratamento seguir.
A combinação de medicação e psicoterapia te trará o resultado que tanto procura. Um psicólogo vai te oferecer apoio e orientação em como lidar com as crises de depressão e euforia e também dará suporte aos seus amigos e familiares em como lidar com as situações que podem vir a ocorrer, da melhor maneira possível.
Como psicóloga atuo na área há mais de 10 anos e posso te auxiliar a ter um estilo de vida mais saudável, não espere mais para buscar ajuda profissional! Nossas consultas podem ser online ou presencialmente, como você preferir!
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