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Saúde Mental x Atletas: A mente precisa de treino tanto quanto o corpo

Por trás de cada medalha, existe uma mente que também precisa de cuidados.

Os profissionais do esporte enfrentam uma pressão constante, seja para conquistar vitórias, seja para lidar com as derrotas nas competições.

Eles seguem rotinas intensas, com treinos rigorosos, dietas restritas, horários fixos para o sono, reabilitação física e outras exigências. Tudo isso é parte de um esforço para garantir o cuidado com a saúde física, mas e a saúde mental? Ela recebe o mesmo nível de atenção?

Infelizmente, a resposta é não. Embora algumas organizações estejam começando a se preocupar mais com o bem-estar psicológico de seus atletas, ainda é um tema que precisa ser abordado com maior seriedade e urgência.

A saúde mental dos profissionais que fazem do esporte sua profissão deve ser tratada com o mesmo cuidado e dedicação que a saúde física.

O tratamento precisa ser preventivo, não corretivo

Para ter uma vida equilibrada, o ideal seria que todas as pessoas buscassem tratamento psicológico de maneira preventiva, mas, na prática, a maioria só recorre à ajuda profissional quando já existem questões a serem tratadas.

No esporte, a situação não é diferente. Atletas são, acima de tudo, seres humanos. Eles têm uma vida além das competições, com responsabilidades como pais, filhos, contas a pagar e outras preocupações cotidianas.

Com tudo isso somado à pressão constante no ambiente esportivo, muitos deles acabam enfrentando uma exaustão mental. Isso pode gerar problemas psicológicos como ansiedade, depressão e estresse.

Essas questões muitas vezes se desenvolvem de forma silenciosa e acabam afetando tanto o desempenho do esportista quanto sua qualidade de vida.

O perigo está justamente aí: tanto o atleta quanto sua equipe podem ignorar os sinais de sobrecarga devido à rotina intensa. Só percebem o problema quando ele já está em um estágio avançado. Muitas vezes, as pessoas só buscam ajuda quando a situação já é crítica, sem pensar em prevenir os problemas.

Esse comportamento é comum entre os seres humanos: recorrer à ajuda médica apenas quando a doença se manifesta, sem considerar medidas preventivas para evitá-la.

O acompanhamento psicológico preventivo é uma ferramenta essencial para auxiliar os atletas a se prepararem emocionalmente. O psicólogo do esporte apoia o desenvolvimento do autoconhecimento, estratégias para controlar as emoções, aumentar o foco, resiliência e confiança. São habilidades essenciais tanto para enfrentar os momentos decisivos em competições quanto para lidar com derrotas, lesões ou mudanças de carreira.

Além disso, esse trabalho fortalece o ambiente das equipes, promovendo uma comunicação mais eficaz, empatia e cooperação. Com o apoio psicológico desde o início da carreira esportiva, é possível construir uma base sólida que favorece o desempenho, o bem-estar e a longevidade no esporte.

Investir na saúde mental de quem tem o esporte como profissão é tão importante quanto investir no treinamento físico e técnico. O acompanhamento psicológico preventivo não deve ser visto como uma ação corretiva, mas como uma parte fundamental e indispensável de qualquer programa esportivo sério e responsável.

Atleta é gente, não robô

É comum vermos atletas, principalmente os mais famosos, sendo tratados como máquinas de alto desempenho, como se fossem imunes à dor, ao cansaço e aos conflitos emocionais. A sociedade muitas vezes esquece que, por trás dos recordes batidos, das medalhas conquistadas e das jogadas espetaculares, existem seres humanos, como eu e você.

Um exemplo recente foi o do técnico de futebol Tite, que sofreu uma crise de ansiedade. Há um tempo ele já vinha apresentando sinais de desgaste mental ao final das partidas. Até que sofreu uma crise de ansiedade intensa horas antes de assinar um novo contrato com o grande time de futebol, Corinthians.

Outro caso não tão recente, mas muito famoso foi o da ginasta Simone Biles, que durante as Olimpíadas de Tóquio, 2021, abandonou a final da ginástica feminina por equipes para preservar a saúde mental.

A pressão para manter resultados constantes, a exposição pública e a cobrança por perfeição podem ser extremamente desgastantes. Ainda assim, muitos atletas sentem que não têm espaço para demonstrar fragilidade, porque o mito do “guerreiro inabalável” ainda é muito forte no imaginário popular. Esse tipo de cobrança desumaniza o atleta e o coloca em um lugar que não corresponde à realidade.

Quando demonstram alguma emoção mais intensa, são rapidamente julgados como “fracos”, “instáveis” ou “não comprometidos”, o que só reforça o estigma e dificulta a busca por ajuda.

É fundamental que a sociedade, os clubes, a mídia e os fãs reconheçam que o atleta não é um robô programado apenas para vencer. Ele é um ser humano que sente, sofre e precisa de cuidado. Oferecer suporte psicológico, promover empatia e respeitar seus limites são atitudes básicas para que ele possa desempenhar seu papel com mais saúde, dignidade e equilíbrio.

Principais transtornos que acometem atletas

Lendo o artigo, você já sabe alguns transtornos que podem se desenvolver em pessoas que trabalham com o esporte, mas você sabe como e por que esses transtornos aparecem?

  1. A ansiedade é um dos transtornos mais frequentes no ambiente esportivo. Pode se manifestar como ansiedade de desempenho (antes ou durante competições), crises de pânico ou uma preocupação constante com erros, críticas e expectativas. Ela compromete o foco, o raciocínio e o controle motor, elementos que são fundamentais para o bom desempenho.
  • O transtorno alimentar é aliado à pressão estética e ao controle rígido sobre peso e corpo, fatores que podem levar atletas a desenvolver transtornos como anorexia, bulimia ou compulsão alimentar. Esses quadros são mais comuns em esportes que exigem categorias de peso ou aparência específica, como ginástica, luta, balé, natação e fisiculturismo.
  • A depressão, apesar de muitas vezes camuflada por uma aparência de força, atinge muitos atletas. Sintomas como desmotivação, cansaço extremo, tristeza persistente, insônia ou apatia podem afetar significativamente o rendimento e a qualidade de vida, especialmente em momentos de lesão, derrotas ou fim de carreira.
  • O Burnout ou síndrome do esgotamento, como o próprio nome já sugere, se desenvolve pelo excesso de treinos, cobrança por resultados e a falta de descanso físico e emocional. Atletas com burnout apresentam cansaço crônico, queda de rendimento, irritabilidade e até desejo de abandonar a prática esportiva.
  • Alguns atletas desenvolvem o TOC, sabia disso? Comportamentos obsessivos relacionados a treinos, rituais pré-jogo ou perfeccionismo extremo. Isso pode comprometer a flexibilidade mental e aumentar o nível de sofrimento psíquico.
  • Não podemos esquecer que o uso de substâncias para melhorar o desempenho, aliviar dores ou lidar com a pressão emocional também é uma realidade no esporte. Isso pode incluir desde analgésicos e estimulantes até álcool e drogas ilícitas, levando à dependência e outros danos à saúde mental.

Quando é hora de se tratar?

Reconhecer que atletas também sofrem com transtornos mentais é o primeiro passo para combater o estigma e promover ambientes esportivos mais saudáveis.

Já sabemos que a melhor forma de tratamento é a preventiva, cuidar da saúde mental no dia a dia, antes que transtornos graves surjam, é o segredo para uma carreira de sucesso.

O autocuidado e o lazer também são de suma importância. Saber separar um tempo para atividades prazerosas fora do esporte é importante para manter o equilíbrio emocional e evitar o esgotamento.

Ter redes de apoio, manter relações saudáveis com familiares, amigos, colegas de equipe e comissão técnica é fundamental para criar um ambiente seguro para expressar emoções e pedir ajuda quando necessário.

A criação de campanhas preventivas dentro das comissões técnicas também é fundamental. Ensinar e incentivar os atletas e a equipe a como cuidar da mente é preciso, para a construção de atletas mais seguros de si e para a construção de um ambiente esportivo mais saudável, humano e sustentável.

Comissões técnicas que entendem a saúde mental como parte da performance contribuem para um esporte mais responsável, equilibrado e de alto nível, em todos os sentidos.

Caso o esportista já esteja enfrentando algum transtorno psicológico, o caminho para a cura envolve:

  • Psicoterapia;
  • Acompanhamento psiquiátrico, quando necessário;
  • Reintegração gradual ao esporte, respeitando o tempo emocional do atleta;
  • Educação emocional contínua, para evitar recaídas no futuro e fortalecer o atleta a longo prazo.

A hora de cuidar é agora!

Atleta não precisa esperar estar em crise para cuidar da saúde mental. Assim como se treina o corpo, é possível e necessário treinar a mente. Prevenção e tratamento não são sinais de fraqueza, mas sim de coragem e inteligência emocional (https://psicologakarlacardozo.com.br/blog/inteligencia-emocional-felicidade/). O atleta que cuida da mente, além de melhorar o desempenho, garante qualidade de vida dentro e fora do esporte.

O acompanhamento psicológico constante, aliado a uma rede de apoio acolhedora, é fundamental para prevenir, identificar e tratar questões psicológicas.

Não foque apenas no desempenho físico e deixe a saúde mental de lado, conte comigo para cuidar da sua mente e investir na carreira de sucesso que você tanto sonha!

Você pode agendar uma sessão ligando ou entrando em contato pelo WhatsApp, no número: (27) 99236-5313. Nossas consultas podem ser online ou presencialmente, como preferir.

Se identificou com o texto? Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Use o espaço dos comentários para enviá-la e me siga no instagram, lá também tratamos de assuntos psicológicos de forma bem didática e criativa.

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Cuide bem de você! =)

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