Lucas acordou assustado de madrugada sentindo o braço formigando, dormente. Pegou o celular que estava ao lado e já começou a pesquisar: “braço dormente doença”. Apareceram alguns resultados como má postura ao dormir, álcool em excesso, falta de vitamina B12, cálcio ou potássio, mas o que chamou a atenção de Lucas foram as respostas: ataque cardíaco, derrame cerebral. Ele acordou a esposa dizendo que precisavam correr para a emergência por que ele tinha certeza que algo muito grave estava acontecendo.
Em outra casa, Carol começou a perceber que estava indo com frequência ao banheiro e que sua urina estava clara. Ao ligar o computador, digitou: “urina clara diabetes”. Se ela procurasse apenas por “frequência ao urinar”, poderia desconfiar de uma gravidez ou infecção urinária, mas para Carol, os doces do final de semana tinham resultado em uma doença mais séria. Ela logo marcou consulta com um clínico geral e dois endocrinologistas diferentes, para ter certeza de que seria bem acompanhada.
Pessoas como Lucas e Carol podem ser chamadas de hipocondríacas. A hipocondria é um transtorno psicológico, que quando presente provoca na pessoa uma forte impressão de que ela está sofrendo de alguma doença grave, mesmo que os sintomas apresentados sejam comuns e de baixa intensidade, e que não haja nenhuma evidência médica dessa doença.
Por esse motivo, os hipocondríacos têm uma preocupação excessiva com a saúde, vão ao médico com frequência fazer check-up e muitas vezes procuram mais de uma opinião profissional.
Quem sofre desse transtorno também costuma ter um grande medo da morte, construído a partir do estado de insegurança, preocupação e ansiedade em que a pessoa se encontra em todas as horas do seu dia. Essas emoções por si só são capazes de gerar outros sintomas desagradáveis (insônia, dores no peito, dores de cabeça, cansaço etc.), intensificando a impressão de que há uma doença grave acontecendo.
O que leva uma pessoa a desenvolver hipocondria?
Não se sabe ao certo o que leva uma pessoa a desenvolver hipocondria, mas alguns fatores de risco foram identificados. Passar por eventos traumáticos, perdas familiares, doenças graves, histórico familiar (outros membros da família com essa patologia), ter outros transtornos como ansiedade, depressão, transtorno compulsivo obsessivo, estão entre esses fatores. Ter pais ausentes também é um fator de risco, isso por que a falta de afetividade faz com que o hipocondríaco procure de outras formas a atenção das pessoas ao seu redor, nesse caso, por meio de doenças.
Como posso saber se tenho hipocondria?
Na história do Lucas e da Carol podemos identificar alguns sintomas clássicos de hipocondríacos: o medo surgido a partir de sensações corporais comuns, como a dormência, e a visita frequente a médicos.
Quando está doente, a pessoa que sofre com este transtorno também tende a agravar os sintomas. Vamos agora ver outros indícios da hipocondria:
- Buscar por si só exames de grande complexidade
- Checar frequentemente os sinais vitais
- Não confiar nos resultados dos exames ou nos diagnósticos
- Ansiedade permanente sobre seu estado de saúde
- Necessidade de pesquisar ou falar sobre a doença que acredita ter
- Se automedicar
Estar atento à própria saúde é normal, mas quem tem esse transtorno sofre com uma preocupação excessiva e precipitada, tendo dificuldades também em aceitar que não é portador de nenhuma doença grave. Ao ser diagnosticada com um ou mais transtornos psicológicos (e não a doença que esperava ter), a pessoa poderá até mesmo se sentir ofendida, pode ainda acreditar que está sendo enganada, ou que sua saúde está sendo negligenciada pelo profissional de saúde.
Mas é possível que uma ou mais dessas características se apresentem em pessoas de diferentes diagnósticos. Por isso, deixo a seguir um teste rápido para que você veja se é hora de buscar ajuda.
Cada uma das perguntas abaixo tem 3 respostas possíveis, marcadas como A, B e C. Anote a quantidade de respostas que você dá para cada letra e no final poderemos fazer uma avaliação. Vamos lá?
Ao sentir uma dor de cabeça persistente, formigamento em alguma parte do corpo ou tontura, você:
A) Se os sintomas durarem mais de um dia, agendo uma consulta.
B) Começo imediatamente a procurar informações na internet sobre esses sintomas, com atenção às doenças mais graves.
C) Corro para o pronto atendimento, pois posso estar tendo um AVC ou um problema de saúde grave, então é melhor prevenir.
O quanto você confia na avaliação de profissionais de saúde?
A) Raramente eu duvido de diagnósticos dados por profissionais de saúde.
B) Costumo aceitar a avaliação, mas sempre faço minha própria pesquisa antes e depois de receber resultados de exames e avaliações médicas.
C) Buscar informações sobre saúde é rotina. Só consigo ficar mais ou menos tranquilo tendo ouvido duas ou mais opiniões médicas diferentes.
Quando seus exames de sangue ou urina retornam mostrando alguma alteração, algo fora dos valores de referência, você geralmente pensa:
A) Não deve ser nada grave, na próxima consulta o médico vai me passar um tratamento e isso vai ser corrigido.
B) Preciso encontrar alguém que me explique esses exames o mais rápido possível.
C) É muito provável que seja algo grave, relacionado com algum sintoma que eu já tenho, então preciso de atendimento médico urgente.
Quando você tem um dia muito estressante ou fisicamente desgastante, geralmente:
A) Você fica bastante cansado, mas é capaz de se desligar quando o dia acaba.
B) Após o dia tem dificuldades para relaxar, mas poderá tomar algum remédio da sua própria farmacinha para ajudar com isso.
C) Tem bastante medo de atingir o desgaste máximo que seu corpo aguenta, e morrer de problema cardíaco ou de um derrame cerebral. Dificilmente conseguirá dormir depois de um dia assim, motivo pelo qual precisa de uma medicação forte o suficiente.
Quando você recebe a notícia de que alguém público ou uma pessoa próxima tem uma doença grave, você geralmente:
A) Sente-se mal pela pessoa, mas não necessariamente vê alguma correlação entre você e a doença.
B) Fica ansioso pensando que talvez você mesmo possa tê-la em algum momento da vida.
C) Pesquisa imediatamente os sintomas dessa doença e procura um médico, porque você tem alguns sintomas que podem estar relacionados então é provável que você possa estar sofrendo dela também.
Como você costuma lidar com remédios:
A) Só compro e uso remédios quando necessário. Sou capaz até de esquecer de usar.
B) Tenho remédios guardados para certas situações e costumo tomar por conta própria ao primeiro sinal de alguma doença.
C) Tenho muitos remédios guardados para as mais variadas ocasiões. Alguns desses poderão salvar minha vida eventualmente.
Assuntos sobre saúde, medicações e doenças:
A) Não tenho um interesse especial, só falo sobre quando há necessidade.
B) Apesar de não ser da área, eu sou bem informado, leio com alguma frequência, visando adiantar o tratamento caso eu desenvolva algum problema de saúde.
C) Estou sempre muito envolvido com assuntos sobre saúde, medicações e doenças, porque é dessa forma que eu posso garantir que vou me manter vivo no caso de ter alguma doença.
Sintomas físicos estranhos:
A) Talvez tenha tido em algum momento, mas foi uma vez ou outra.
B) Tenho com alguma frequência uns sintomas esquisitos.
C) Convivo diariamente com sintomas físicos desagradáveis que podem provavelmente ser de alguma doença, segundo já li.
Resultado
Se a maioria das suas respostas for de letra A, você está num nível saudável de preocupação com a sua saúde e não há necessidade de buscar tratamento para hipocondria.
Se suas respostas tiveram maioria em letra A e letra B, é possível que você esteja desenvolvendo um quadro de ansiedade, ou que esteja num momento estressante da vida. Procure fazer atividades físicas, dormir mais e se alimentar melhor. Um psicólogo pode assessorar nesse processo.
Se a maioria das suas respostas for de letra B, você deve estar sofrendo de ansiedade. Procure um psicólogo para cuidar disso e recuperar sua qualidade de vida.
Se suas respostas tiveram maioria em letra B e letra C, você já deve estar com ansiedade acentuada, já tem algum tipo de sofrimento diário com esse problema, e pode desenvolver algum outro transtorno se não buscar ajuda com um profissional.
Se a maioria da suas respostas for de letra C, são grandes as chances de que você tenha hipocondria ou um outro transtorno como síndrome do pânico, e deve estar sofrendo muito com ansiedade, insônia e medo, o que provoca prejuízos em vários campos da sua vida. A boa notícia é que tudo isso é tratável, então busque apoio com um psicólogo o quanto antes e acelere sua recuperação.
Como é o tratamento para a hipocondria?
A ansiedade está diretamente ligada à hipocondria. A angústia de não receber o diagnóstico que você acredita ter, a preocupação de que algo mais sério pode estar acontecendo e que ainda não foi descoberto pelos profissionais que lhe acompanham, o medo de ficar ou estar doente, são sensações que causam um comportamento ansioso.
Por isso, uma modalidade de tratamento excelente para quem sofre de hipocondria é a Terapia Cognitivo-Comportamental, também conhecida como TCC.
A abordagem costuma ter bons resultados com a hipocondria porque trabalha na eliminação gradual de crenças e comportamentos que ajudam a gerar este e outros transtornos, eliminando o problema na sua origem. O psicólogo irá ajudar o paciente a confrontar suas certezas, levando-o a refletir sobre a real necessidade de buscar vários especialistas ou quaisquer sintomas que o hipocondríaco esteja manifestando.
Eu trabalho no tratamento da ansiedade, com as técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental. Se você se identificou com o tema e acredita que precisa de ajuda, entre em contato pelo número (27) 99236-5313 ou pelo WhatsApp. Podemos agendar uma consulta de forma presencial ou online. E se quiser tirar dúvidas sobre o assunto, pode usar o espaço dos comentários!
Cuide bem de você! =D
22 comentários em “Teste: será que você tem hipocondria?”
boa noite para todos a um grande tempo da minha vida venho sofrendo muito com preocupação excessiva de doença em mim e todos que está em minha volta tento tirar da minha cabeça mas volta condo vejo alguma doença na teve ou só das pessoas comentando já fui em todas farmácia da minha cidade procurar resposta fico calmo na hora mas passa algum dia EJA estou com tudo de novo acho que tudo que eu bebo ou como está contaminado com doença se eu vejo algo estranho em alguém fico comendo de beber até água sei que presizo de ajuda não só tenho esse sintoma mas tenho ansiedade depressão e diversos problemas acabo deixando as pessoas em minha volta constrangido com minha atitude não quero mais isso para minha vida peso para Deus curar eu e todos que passa por esse problema amém 🙏
É muito importante buscar ajuda profissional nesses casos para que voce volte a ter a sua qualidade de vida de volta.
Oh Senhor Jesus! Nos cura desse mal, através dos médicos dando muita sabedoria!!🙏🏼🙏🏼
Quando li esse texto lembrei de mim, de como se parece comigo em praticamente todos os aspectos. Me senti bem triste lendo pq sei q sou assim e ñ estou procurando ajuda alguma 😐. Tenho medo todos os dias de algo ruim acontecer comigo, tento pensar q não é nada demais, as vezes pareço conseguir, mas estou sempre em alerta e conforme vão passando os dias e aquilo ainda está ali mesmo q não seja grave, na minha cabeça já acho ser perigoso e volta todo pensamento ruim 😔.
O importante é que voce já identificou que esse comportamento é prejudicial a voce, agora é buscar formas de mudar isso! Busque ajuda profissional
sinto dores abdominas mas nunca no mesmo local uma hora mas na parte do intestino
ou hora hora mais na parte do estomago na lateral das costelas e assim vai sempre pareço estar com algo diferente e isso deixa a gente fraco com medo e as dores não passam rápido duram dias
É importante se consultar com um medico para entender se essas dores tem alguma causa especifica e poder seguir um tratamento.
Eu tenho ido frequentemente a internet, tão logo sinto algum sintoma estranho no corpo, fico preocupado como se algo não estivesse a ir bem com o meu organismo. e ao efetuar essa actividade sinto o coração acelerado e muitas palpitações com medo do resultado da pesquisa.
É muito comum esse sentimento que voce esta relatando, o ideal é entender mais sobre esse comportamento e buscar ajuda especializada
Eu pesquiso a Internet no caso de resultados de exames que o médico ainda não viu. fico muito preocupada até receber o diagnóstico definitivo. tenho dificuldade em confiar nos médicos.
Voce deve analisar o quanto isso afeta o seu dia a dia, se voce sentir que esse comportamento gera algum prejuízo o ideal seria buscar ajuda especializada.
primeiro fiquei preocupada com exame de sangue do meu filho, deu anemia achei que ele estava com c.a pq tinha manchas roxas no corpo dele, passei na ped tudo ok, depois vi que apareceu manchas no meu corpo, passaram exames tudo ok, depois notei uma irritação na minha garganta e no local da tireóide, med passou exame, tudo ok, agora estou com uma íngua no pescoço, o que o médico avaliou e acha que é uma simples tensão, mas tô pensando que estou com linfoma, eu não aguento mais. todos olham pra mim e dizem que tô bem, mas minha cabeça sempre me diz o contrário, não sei mais o que fazer
Pelo seu relato sinto que é algo muito desconfortável para você e que prejudica o seu dia a dia. Busque um profissional da area da saude mental ele vai te ajudar muito nas situações que você relatou!
Desde o começo de 2023 que eu mudei as minhas atitudes. Realmente, eu tenho consciência dessa mudança repentina. Eu sempre penso na morte, desde pequena e é algo que me assusta. Mas eu conseguia contornar esse medo, com a minha personalidade extrovertida. Só que, recentemente, sinto-me exausta e incompreendida. Tanto que em meados de abril comecei a ter ataques de pânico durante as aulas porque não conseguia parar de ficar amedrontada com uma simples bola de futebol, jogada pelos meninos no recreio. Em maio, fiquei em casa após não conseguir mais da minha garganta. Eu estava com uma inflamação na garganta e insistia em não admitir com medo de ir ao hospital curar-me, porque pensava sempre que ia morrer derivado a isso. Resumindo, só fui às urgências, quando já não conseguia mais de dor e receitaram uma carga de medicação que nunca pensei que viria a tomar. Embora, nos primeiros dias senti-se-me bem, depois a dor voltou a aparecer, era outra inflamação e eu não quis no médico por duvidar dele, mas novamente tive que ir por não aguentar de novo e voltei a tomar mais medicação. Até hoje doi-me a garganta e o toráx, porém eu tenho consciência que isto não é algo físico e, sim, mental, algo que eu queria mesmo esquecer. Eu quero voltar ao normal.
Pelo seu relato sinto que é algo muito desconfortável para você e que prejudica o seu dia a dia. Busque um profissional da area da saude mental ele vai te ajudar muito nas situações que você relatou!
eu estou no meu limite, preciso muito de ajuda. não consigo comer, dormir e muito menos cuidar dos meus filhos.
tá falando todinho da minha pessoa esse texto, e o estranho pra mim é que sou da área da saúde e a vdd é q não quero admitir ter um transtorno, pq isso poderia me comprometer na profissão. o fato é q não durmo faz tempo, estou no limite do esgotamento.
Agora que voce identificou que pode ter um problema em relação a isso é muito importante buscar ajuda adequada para lidar com essa situação antes que voce possa ter prejuízos maiores!
Lido com isso todos os dias,e desgastante,tudo trás insegurança, não posso sentir uma dor de cabeça que fico preocupada ,ou algum outro sintoma que já penso no pior….se alguém morre ou está doente,eu já começo a ficar ansiosa e ter ataques de Pânico ,com medo de ter a mesma doença ou morre do nada,já não aguento mais conviver com isso todos os dias .
Compreendo a sua dor, realmente não é facil, busque um psicologo pra te auxiliar.
Excelente texto. Muito útil, obrigado!
Muito obrigada!
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