Perdoar ainda é uma ação muito difícil para a maioria das pessoas. Seja perdoar ao próximo, ou a si mesmo. Perdoar alguém é renunciar toda a mágoa e ressentimento sentidos por algo que o outro fez. Quando perdoamos, nem sempre tudo volta a ser como antes, mas nos livramos do sentimento ruim que sentíamos em relação à pessoa que nos machucou e a vida segue.
E quando precisamos nos perdoar? Será que é da mesma forma quando perdoamos alguém? Nesta leitura você vai descobrir que não. Perdoar o outro é menos complicado porque o olhamos com uma perspectiva mais amigável e amorosa e também porque o relacionamento entre ambos depende dessa condição. Para continuar se relacionando com a pessoa de forma saudável é preciso haver o diálogo, a troca e o perdão.
Já o autoperdão não é encarado dessa maneira pela maioria das pessoas. Nós, seres humanos, temos o hábito de querer ser perfeitos em tudo. Não podemos falhar. Se isso acontece, nos punimos de várias formas, convencemos a nós mesmos que não somos merecedores, que aquilo aconteceu por nossa culpa.
Nós então paramos, sentamos e conversamos com nós mesmos para resolver a situação? Eu mesma te respondo essa pergunta: não!
Nos autopunimos e, ao mesmo tempo, seguimos em frente, sem parar para pensar e se autoavaliar. E assim outras situações desagradáveis surgem, nos punimos novamente e isso vai se tornando algo rotineiro em nossa vida.
Acumular tanto rancor e culpa dentro de nós nos adoece, você pode não ver, não perceber, mas sentimentos ruins também nos trazem doenças, principalmente as psicológicas.
O que é autoperdão?
O autoperdão significa perdoar a si mesmo, significa se livrar da culpa ou arrependimento de algo que já aconteceu ou que você deixou de fazer no passado.
O processo de autoperdão é trabalhoso, envolve reconhecer os próprios erros, aceitar que como qualquer ser humano, você também tem falhas.
Se você é uma pessoa perfeccionista ou muito exigente consigo mesma, essa jornada será ainda mais difícil, às vezes algumas crenças precisam ser desconstruídas, como, por exemplo, certos conceitos que nos são ensinados na infância e que levamos para a vida adulta.
Um exemplo simples é aquela velha história de que homem não pode chorar. Os meninos são ensinados a serem fortes e que chorar é “coisa de mulher”. E a maioria leva isso para a vida adulta. Quando uma situação complicada acontece, essa é uma das primeiras coisas que ele pensa: “homem não chora.”
Então se priva de sentir todas essas emoções, guarda as sensações somente para si, para demonstrar uma força que nem sempre precisa existir. Precisamos nos permitir sofrer e chorar quando tivermos vontade.
Praticar o autoperdão consiste em se permitir ser quem você é, entender que erros fazem parte da vida e que com eles é possível adquirir experiências. Quando passar por alguma outra situação complexa, são esses erros do passado que irão te ajudar a lidar melhor com as circunstâncias.
Se permita errar, chorar e sentir todas essas emoções. Depois que esses sentimentos amenizarem, seja gentil com você, analise porque tudo aquilo ocorreu, se perdoe e entenda que errar é humano.
Por que se perdoar é tão difícil?
A resposta para essa pergunta não é simples, mas é direta: perdoar aos outros é mais fácil.
O autoperdão acaba sendo mais difícil porque temos a tendência a ser mais exigentes com o nosso próprio eu. Já reparou que quando você faz algo errado, ou tem uma fala equivocada você sente vergonha e automaticamente se repreende por isso? É algo que não deveria ser normalizado, mas acontece com a maioria das pessoas.
Muitos de nós, por diversos motivos, estamos nos autossabotando a todo momento, até mesmo quando fazemos um bom trabalho pensamentos de insuficiência vêm a nossa cabeça para nos dizer que não nos dedicamos o bastante, que tal ofício poderia ter sido feito de outra forma e por aí vai. Esses pensamentos estão sempre nos rondando, por isso é preciso estar constantemente em alerta e não deixar essas ideias negativas tomar conta.
Quando passamos por momentos de baixa autoestima, depressão e outros transtornos psicológicos, o peso da culpa é maior. Os sintomas deixam as emoções mais intensas, problemas que são pequenos se tornam enormes e os pensamentos depreciativos vêm, enfatizando somente o que fizemos de errado, contribuindo para uma culpabilidade mais fortalecida.
Tudo isso atrapalha nosso crescimento pessoal. E realmente é difícil seguir em frente com algo que a todo instante nos puxa para baixo.
Por que é importante a prática do autoperdão?
Quando somos capazes de perdoar a nós mesmo a vida fica mais fácil. Encarar a situação de outro ângulo nos ajuda a entender que mesmo errando, somos capazes de acertar ou aprender com o erro.
O erro, por mais que seja algo negativo à primeira vista, nos traz lições valiosas para a vida inteira. Aprendemos lições como: a honestidade, humildade, resiliência e paciência. A verdade é que sem as experiências ruins não conseguimos adquirir habilidades emocionais e conhecimentos necessários para lidar com situações complexas que irão surgir ao decorrer da vida.
Errar nos traz a oportunidade de aprender, e para absorver esse aprendizado da forma correta, é preciso praticar o autoperdão.
Não estrague sua vida se condenando o tempo inteiro. Que tal trocar a palavra “culpa” por “responsabilidade”. A culpa tem um peso de julgamento e sentença, já a palavra responsabilidade te permite uma melhor consciência e se movimentar para resolver o problema.
Autoconhecimento e amor-próprio andam juntos com o autoperdão
Quem tem um autoconhecimento e amor-próprio bem trabalhados consegue lidar melhor com a culpa. Essas pessoas se conhecem a fundo e sabem o que as faz feliz e o que as faz triste. Mesmo que situações corriqueiras, que não estão sob o seu poder aconteçam, elas não se abalam assim tão fácil.
O autoconhecimento é um ótimo aliado para o exercício do autoperdão, quando temos certeza do que somos e do que queremos temos um controle maior das nossas emoções e sensações.
O mesmo acontece com o amor-próprio, quando você se ama verdadeiramente, por mais que cometa erros, a forma como vai lidar com a pendência de culpa é amável e gentil.
Suas relações interpessoais também mudam. A maneira como trata as pessoas e como busca ser tratado é mais sólida e saudável.
Atitudes para praticar o autoperdão
Já falamos sobre como o amor-próprio e o autoconhecimento são aliados poderosos do autoperdão, sobre a importância de se praticá-lo, como nos faz bem e o que aprendemos com isso. Mas você sabe como fazer isso acontecer? Como colocar em prática?
Separei algumas dicas que irão te auxiliar na jornada de perdoar a si mesmo, confira:
O que está feito, está feito!
Não conseguimos mudar o passado, então não adianta ficar remoendo alguma situação e pensando no que você poderia ter feito de diferente, você vai apenas sofrer mais com esses pensamentos. O importante é você aprender com esses erros e tentar não cometer mais.
Antes você tinha outro ponto de vista
Quando a situação aconteceu, muito provavelmente você tinha uma outra opinião sobre o assunto. Hoje, com mais experiência e conhecimento, sua compreensão mudou, mas isso é normal. Somos seres em constante evolução.
Entenda que as escolhas que você fez no passado eram baseadas na vida que você levava e nos recursos que você tinha e está tudo bem.
Deixe o perfeccionismo de lado
Ninguém é perfeito! Essa é uma frase muito falada por aí, mas poucos entendem ou colocam em prática. Se você é uma dessas pessoas, precisa colocá-la para funcionar agora.
Vá se convencendo aos poucos que não há problema em errar. Cometer algum erro ou não saber sobre determinado assunto, não faz de você um ser incompetente. Se permita viver dessa forma e você vai ver como tudo é mais leve quando nos permitimos não ser o melhor em tudo.
Entenda seu erro e aprenda com ele
O primeiro passo para o autoperdão é reconhecer o erro, assim você terá uma compreensão mais clara do que gostaria de fazer de diferente numa próxima situação. Aprender com eles também te faz criar uma inteligência emocional mais sólida.
Coloque pra fora
Ficar guardando sentimentos negativos não faz bem, para ninguém. Então coloque tudo o que puder pra fora. Chore quando sentir vontade, exponha suas indignações, grite caso ache necessário. O importante é se libertar dessa culpa.
Ouras maneiras de fazer isso é também praticando algum esporte: luta, corrida, musculação. Você também pode se expressar por meio da arte: pintando, escrevendo poemas, cantando, dançando, etc.
Pratique a autocompaixão diariamente
Sempre que você errar, se olhe com carinho. Mesmo que você já comece se culpando, respire fundo e concentre seus pensamentos em como lidar com a situação da melhor maneira possível.
Se você acha difícil fazer isso, imagine que essa compaixão está sendo guiada para um amigo. Ele você trataria com carinho e calma, certo?
Pois então, por que não fazer o mesmo por você? A autocompaixão é uma ferramenta poderosa para o acolhimento emocional. É um processo trabalhoso, mas recompensador.
Essas são apenas algumas dicas para exercitar no dia a dia, mas lembre-se que cada pessoa vai lidar com as situações de maneiras diferentes e cada um tem seu tempo em particular para começar a sentir algum resultado. O importante é não deixar de praticar.
Deixe o passado para trás e seja feliz
Carregar ressentimentos de situações que já aconteceram se torna um fardo pesado e é um impedimento para a sua felicidade. Mesmo vivendo sua vida diariamente, você vez ou outra pensa naquilo e fica ruminando como teria sido se tivesse tomado outra atitude, ou até mesmo se a situação não tivesse acontecido.
Já te adianto que não é nada saudável ficar remoendo esses pensamentos. O que aconteceu, já foi, não há muita coisa que você possa fazer em relação a isso.
Existe apenas uma coisa que você deve fazer: se perdoar.
Entenda que errar é normal, todo e qualquer ser humano tem falhas, por menor que seja o erro, faz parte da vida.
Acredito que em algum momento da vida você já tenha pensado: eu nunca vou fazer isso! Nunca vou errar com alguém dessa forma! Até que o erro acontece!
Então, não se julgue tanto, não se penalize. Se autoperdoar não é sobre julgamento, é sobre aprendizado em cima das nossas falhas.
Todos temos o direito a segunda chance, inclusive com o seu próprio eu. Se olhe no espelho, olhe para dentro de si, reconheça a dor do erro e tenha uma conversa consigo mesmo. Compreenda onde você errou, porque agiu daquela maneira e que lições pode tirar de tudo isso.
Julgamentos não irão te ajudar a construir, mas sim a destruir. Rancor e mágoa não têm sentido, é pesado e machuca. Então eu te pergunto: você vai e se machucar até quando?
Procure ajuda na terapia para praticar o autoperdão
Você quer se libertar da culpa? Precisa de ajuda para não se punir mais? É preciso encarar o problema de frente, ser humilde para dizer: eu errei, isso é normal, todo mundo erra e eu quero me perdoar.
Encare o erro sem justificativas e de forma clara, e reconheça que precisa melhorar em tal aspecto. Mas faça isso sem se punir e tenha em mente que não precisa do aval ou bondade do outro. É preciso apenas deixar fluir, permitir que esse sentimento ruim vá embora.
Você tem o poder de se perdoar, apenas encare com um olhar solidário para tudo o que você viveu e aprendeu com aquela situação, e se dê essa chance de perdão.
Eu mereço me olhar com mais compaixão e autocuidado.
É difícil se perdoar, mas é necessário, para conseguirmos nos enxergar e olhar o mundo de uma forma mais humana e com menos idealizações.
Para colocar em prática o autoperdão, você também pode contar comigo! Vamos trabalhar juntos suas questões emocionais e entender os reais motivos que te levam para esse caminho de autopunição.
Nossas consultas são agendadas e podem ser feitas de forma online ou presencial. Entre em contato pelo número: (27) 99236-5313 ou pelo WhatsApp.
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