Vamos começar com algumas perguntas:
- Você possui certas dificuldades de convívio social?
- Não consegue olhar o outro nos olhos?
- Fica embaraçado quando algo acontece e a atenção volta para você?
- Não consegue apresentar um trabalho acadêmico ou um projeto no trabalho?
Se você respondeu “sim” para as perguntas acima, isso pode indicar que você é uma pessoa que se sente envergonhada com facilidade.
A vergonha é um sentimento natural e faz parte do cotidiano de qualquer pessoa, é normal sentirmos essa emoção em situações que não saem como esperávamos ou ao enfrentar algo novo, circunstâncias que podem nos deixar ansiosos e inseguros. Temos medo do novo, pois não sabemos o que está por vir.
No entanto, é importante refletir sobre até que ponto você sente vergonha. Dependendo da intensidade, ela pode se tornar um obstáculo na sua vida, prejudicando suas relações e impactando seu bem-estar emocional.
Vamos entender de que modo a vergonha é prejudicial para o ser humano?
O que é a vergonha?
A vergonha vem do constrangimento que sentimos em determinadas situações que ocorrem em nossas vidas, e geralmente é uma reação ao medo. Pode ser o medo de sair para um encontro, de como as pessoas vão reagir ao seu novo corte de cabelo, de começar uma atividade diferente, como ir à academia, entre outras coisas.
O indivíduo sente-se desconfortável só de pensar em fazer algumas dessas atividades. Pensamentos negativos invadem a mente, fazendo ele fantasiar diversas coisas ruins que podem acontecer caso arrisque realizar tal ato.
Isso ocorre porque pessoas muito envergonhadas sentem uma insegurança extrema e possuem a autoestima muito baixa, a ponto de não acreditarem em si mesmas e se sentirem incapazes.
Essa situação se torna um ciclo difícil de romper, pois uma coisa leva à outra: a baixa autoestima alimenta a insegurança, o medo e a sensação de incapacidade, que por sua vez intensificam o sentimento de vergonha. Isso acaba gerando culpa e arrependimento, pois a pessoa sente que não conseguiu agir ou se expressar da maneira que realmente gostaria.
A vergonha está atrelada ao medo e a timidez
A vergonha é uma emoção associada à dificuldade de se expressar, enquanto a timidez é um traço de personalidade que se desenvolve com o tempo. As duas estão conectadas, pois pessoas que sentem vergonha excessiva em diversas situações tendem a se tornar mais tímidas com o passar dos anos.
Essas pessoas costumam ter medo de perseguir seus objetivos e sonhos, muitas vezes devido à falta de autoconfiança, mas também por receio do julgamento dos outros. O ser humano teme a exposição e como ela pode impactar sua vida. Quando essa exposição ocorre de forma negativa, ficamos paralisados e não sabemos como reagir.
Por que sentimos vergonha?
Já entendemos que o sentimento de vergonha é algo comum para o ser humano, mas de onde ele vem? O que causa essa emoção?
Existem diversos fatores que podem desenvolver a vergonha em um indivíduo.
Se você cresceu em um ambiente onde as pessoas ao seu redor também sentiam vergonha, inevitavelmente você irá se tornar um adulto envergonhado e com problemas de socialização.
Ambientes abusivos, experiências traumáticas ou vexatórias, críticas constantes, são experiências que, quando vividas na infância, têm um papel crucial em moldar um ser humano retraído e cheio de vergonha.
O sentimento também pode surgir da necessidade de agradar o próximo. As pessoas querem se sentir amadas e valorizadas, por isso muitas vezes agem pensando no que os outros vão pensar. Elas mudam a aparência, o estilo de se vestir, o comportamento e diversas outras coisas para se adaptar a padrões estabelecidos.
Muitas pessoas não entendem de onde vem essa emoção, por isso é importante identificar os gatilhos que a despertam. Compreender sua origem e por que ela é sentida de forma tão intensa.
A vergonha não surge do nada, ela se desenvolve na infância e, se não for trabalhada nesse estágio, pode trazer outras consequências para a saúde mental.
Vergonha e Culpa
Precisamos falar sobre a relação entre vergonha e culpa. Quando a vergonha impede você de realizar o que deseja, o sentimento de culpa surge intensamente, gerando um arrependimento interno por não conseguir alcançar seus objetivos. Você pode começar a se sentir inferior, inadequado, defeituoso e incompetente.
É importante lembrar, no entanto, que as ações tomadas sob o impacto da vergonha são apenas comportamentos, e isso pode ser mudado. Superar a vergonha e os hábitos que ela cria envolve compreender como pensamos, como encaramos as situações e a forma como nos vemos.
Uma maneira de fazer isso é começar a se observar mais atentamente para desenvolver o autoconhecimento. Quando conseguimos entender nossas emoções com mais clareza e reconhecer nossos limites, fica mais fácil identificar quais ações podem desencadear o sentimento de vergonha e como evitá-lo.
Para aqueles que têm dificuldade em fazer essa autoanálise, a psicologia oferece diversas abordagens que podem abrir novas possibilidades de descobertas e ajudar a ter uma vida mais equilibrada.
Sintomas da vergonha excessiva
Além de sintomas psicológicos, existem alguns sinais físicos que se manifestam quando estamos passando por um momento constrangedor:
- Dificuldade em manter contato visual por muito tempo;
- Suor excessivo;
- Insônia;
- Dor no estômago;
- Náusea;
- Fala rápida e desconexa;
- Autocrítica constante;
- Falta de ar;
- Dores no peito;
- Tensão muscular;
- Dificuldade em se relacionar.
Muitas pessoas buscam um diagnóstico preciso para esses sintomas e acabam descobrindo que a causa real é emocional. Ou seja, não há uma doença física, mas sim uma origem psicológica para esses problemas.
Por isso, é aconselhável procurar a ajuda de um profissional especializado. Ele pode ajudar a entender se a vergonha é a causa desses sintomas e oferecer estratégias para lidar com ela quando se manifestar.
Como a vergonha excessiva atrapalha o seu cotidiano
A vergonha excessiva pode prejudicar uma pessoa em todas as áreas da vida.
Dificuldades nos relacionamentos: A vergonha pode dificultar a comunicação aberta e honesta, levando a mal-entendidos ou a uma sensação de desconexão nos relacionamentos.
Desafios no trabalho ou nos estudos: Uma pessoa que sofre com a vergonha excessiva tem medo de cometer erros ou de ser julgada, isso pode levar à procrastinação, baixa produtividade ou até mesmo à evitação de tarefas que envolvem risco ou exposição pública. Isso pode afetar negativamente o desempenho acadêmico ou profissional.
Ansiedade e depressão: A vergonha excessiva pode colaborar para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão, à medida que a pessoa se sente presa em um ciclo de autocrítica e preocupação com o que os outros pensam.
O medo de experiências novas: O medo de fracassar ou de ser envergonhado pode impedir a pessoa de tentar coisas novas, limitando o crescimento pessoal e as oportunidades de aprender e se desenvolver.
Baixa autoestima: A vergonha crônica está frequentemente associada a uma baixa autoestima. A pessoa pode constantemente se criticar, sentir-se desajustada ou inferior aos outros, o que resulta em uma visão distorcida de si mesma. Ela não enxerga as qualidades que possui, somente os defeitos.
Todos esses fatores são resultados de uma pessoa extremamente envergonhada, que acaba se privando de viver e experimentar o que a vida tem a oferecer.
Não vivemos apenas momentos positivos, e nem tudo sairá como planejado. No entanto, não podemos deixar de aproveitar a vida por causa da vergonha e do medo. Para viver de maneira plena e completa, é necessário ter coragem de se arriscar.
Como driblar a vergonha excessiva?
Você se identifica como alguém que sente vergonha de forma muito intensa? Se identificou com tudo o que leu até agora?
Primeiro você precisa saber que sentir vergonha tem suas vantagens. Sem este sentimento não teríamos a capacidade de reconhecer e corrigir comportamentos inadequados. Quando cometemos um erro, a vergonha, junto com a culpa e o arrependimento, nos motiva a consertar nossa conduta.
No entanto, é essencial não permitir que a emoção domine nossa vida e controle nossos pensamentos e ações.
Para evitar que isso aconteça é importante adotar novos hábitos e práticas, veja:
1. Reconheça que você tem um problema
“Quem vê de fora, vê melhor”, você já ouviu este ditado? Permita-se ouvir conselhos e sugestões de pessoas próximas a você, nem sempre nós percebemos nossos próprios comportamentos e mudanças de humor, mas quem está de fora sim, seja humilde e aberto para ouvir o que os outros têm a dizer.
Quando reconhecemos que não estamos bem e que determinada conduta está prejudicando nossa vida, fica mais fácil identificar a origem do problema e encontrar soluções para resolvê-lo.
2. Desenvolva pequenos enfrentamentos
Quem sente a vergonha de uma forma mais acentuada costuma sentir um grande medo das situações que provocam esse desconforto. Para superar esses medos, é necessário enfrentá-los diretamente. Embora não seja fácil, é fundamental ter coragem, disciplina e paciência para vencer esses obstáculos.
Por exemplo, se você tem um grande receio de falar em público, comece praticando no seu quarto. Convide amigos de confiança para ouvir seus ensaios e, gradualmente, você ganhará mais confiança. Com o tempo, isso permitirá que você faça apresentações no trabalho ou na faculdade com mais segurança.
3. Você não é o único
Temos a tendência em achar que coisas ruins e negativas só acontecem conosco, mas a verdade é que todos enfrentam momentos embaraçosos. Não importa quem seja, é provável que qualquer pessoa que você conheça já tenha passado por alguma situação constrangedora em algum momento da vida.
E tenha em mente que as pessoas são mais compreensivas do que imaginamos, justamente porque passar vergonha faz parte!
Peça ajuda!
Embora possa parecer simples, enfrentar a vergonha pode ser um processo complicado para algumas pessoas. Por isso, procurar a ajuda de um psicólogo é fundamental.
A terapia pode ajudar a compreender a origem da vergonha, aumentar a confiança e a autoestima, e desenvolver estratégias eficazes para superar esse sentimento desafiador.
Tentar lidar com o problema sozinho pode ser arriscado e até ineficaz. Com o suporte de um psicólogo, você estará protegendo sua saúde mental e evitando sobrecargas emocionais negativas.
Como psicóloga, estou aqui para ajudar você a enfrentar a vergonha excessiva de forma saudável e inteligente.
Você pode agendar uma sessão ligando ou entrando em contato pelo WhatsApp, no número: (27) 99978-0990. Nossas consultas podem ser online ou presencialmente, como preferir.
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